22 fevereiro 2010

A RAÇA DO ALENTEJANO

 A RAÇA DO ALENTEJANO

Como é um alentejano?
É, assim, a modos que atravessado.

Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho....

E também não é bem judeu, nem bem cigano.

Como é que hei-de explicar?

É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão.

Dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";

dos pretos, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;

dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas;

dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos;

dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós;

dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto;

e dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.

O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada.

Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças.

Não é fácil fazer um alentejano.

Por isso, há tão poucos.

É certo que os judeus são o povo eleito de Deus.

Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus:

nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade.

Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?

Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que

«as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar».

E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano?

Era um descanso…